3 de dez. de 2008

Primeiro Vôo da Alma

Numa noite como outra qualquer, depois de mais um dia como qualquer outro, liberto o meu espírito neste mundo que dentro de mim habita.
Sinto lhe as banalidades, as mágoas, as dores. Gemo, num parto que não é meu, fechada num quarto escuro e sombrio, mas afinal tão banal como qualquer outro.
As luzes pendem sobre mim, arrastam nestas letras um tremor já perdido, de braço dado com o meu amor escondido.
Na lareira, as brasas perderam já o fulgor e o frio espraia-se, trazido pelos tempos, pelos ventos, pelas marés de um oceano distante.
O cão enrolado no sofá pede carinho.
O carinho, inexistente, foi roubado, raptado, levado por quem jamais mereceu as pétalas de um sentimento terminado.
Liberto a alma, enrolo-a no frio. Levito por meandros de uma mente que já foi minha e agora pertence apenas ao vazio... solto-me, abandono me neste vértice de mundo. Casa onde habito, lar que não é o meu. Não pertenço aqui, então viajo...
Escolho esta trilha, esta Alameda que já é tão minha e afinal não foi nem é nem será de ninguém, onde jazem os meus Fantasmas, sombras de outros tempos, outras vidas e outras memórias um dia vividas.

Nenhum comentário: