Incertezas

Nunca ninguém me disse que estava escrito que a vida ia ser fácil, acho que eu é que quis acreditar que isso era real... quis acreditar que afinal a vida era simples e era eu que a complicava demasiado... quis acreditar que quando uma porta se fecha existem mesmo outras que imediatamente se abrem...

Estou a perder um sonho em prol de um outro muito maior: estou a abdicar da minha viagem tão ansiada para Itália em favor deste bebé, tão pequenino ainda, mas já tão cheio de luz, que carrego dentro de mim...
Sempre desejei ter filhos, todos os que a vida me permitir, mas nunca imaginei que fosse acontecer desta forma. Nunca imaginei que tivesse de sofrer tanto para poder amar este pequenino ponto que carrego, que afinal é já parte de mim, com que afinal consigo já sonhar sozinha, perdida dentro de mim mesma.
Tenho muitos medos, tenho muitas incertezas. É verdade. E a realidade é que eu nem sequer sei como explicar este amor que já sinto, as noites que passo a imaginar...
Seguindo a vontade do outro alguém, o meu bebé não iria saber quem eu sou. Nem quem é o alguém. Por um lado entendo-o, não foi planeado, não é simples, somos jovens. Mas eu não consigo compreender como é possivel abdicar de todo este sentimento, abdicar de sentir este novo ponto de luz que se gera dia a dia dentro de mim, abdicar de todo um futuro ao seu lado, de uma vida repleta de claridade interior.
Sei que irão existir alturas em que a dor será mais forte, em que o sofrimento será mais forte, em que as dificuldades serão uma tortura... Não posso prometer ao meu filho o mundo, mas prometo que nunca deixarei de tentar dar-lho...
Estou a sofrer, porque tenho medo, porque estou apavorada.
A minha familia está ao meu lado, mas não sei se o meu filho poderá contar com o pai. Isso aterroriza-me.
Mas garanto que terá uma mãe disposta a tudo por ele.
Só peço a Deus para não estar a tomar a decisão errada... mas tenho fé. Tenho de ter.
Vou lutar. A minha decisão está tomada.