Era uma vez uma mulher que mantinha uma imagem de menina bem,mas era afinal uma menina que não dava conta do recado dos sentimentos que tinha, uma menina que cansou de sofrer, de calar, de manter uma imagem...
A menina um dia passou-se, a bolha de sabão rebentou, o mundo ficou de repente embaciado atrás do vidro de um carro, foi ela mesma, gritou, fez birra, dobrou as mangas, trocou os saltos pelos ténis e correu para longe, para longe das dores, para longe das desilusões, dos desapontamentos, das pessoas que pensou ter ao lado mas que no final das contas, não correram atrás dela...
Hoje, a menina escreve para um vazio que talvéz ninguém venha a ler, a menina trancou o mundo na rua, e fechou-se dentro de si mesma, dona de si, sem saber onde está.
Voltou a calçar os stilettos, tirou do armário os vestidos de gala, os tops e os jeans colados, vive de novo na rua das pessoas que mantem a fachada porque é assim que queremos ser e o que somos na realidade choca demasiado, as coisas anulam as almas dentro do peito, desse peito que afinal tem grades, dessas grades de cadeia que nos prendem uma vez e que afinal não nos voltam a deixar sair...nem mesmo com os ténis ou com os gritos que damos a tentar encontrar alguém que deseje, quem sabe um dia, libertar-nos.
E o que fica guardado na mente, depois de tudo é isto.
Quem sabe um dia.
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